terça-feira, 11 de dezembro de 2012

EDUCAÇÃO PARA QUÊ?



OPINIÃO: EDUCAÇÃO PARA QUÊ?

"No Brasil, crê-se que um sistema educacional justo é aquele que entrega, ao fim do processo, as mesmas esculturas, como se todos os mármores tivessem as mesmas origens e aspirações", afirma Gustavo Ioschpe

Fonte: Revista Veja
http://www.todospelaeducacao.org.br/comunicacao-e-midia/educacao-na-midia/25167/opiniao-educacao-para-que/?fb_action_ids=456673674393688&fb_action_types=og.likes&fb_source=timeline_og&action_object_map=%7B%22456673674393688%22%3A192368134221066%7D&action_type_map=%7B%22456673674393688%22%3A%22og.likes%22%7D&action_ref_map=%5B%5D

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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

SIMULADOS ENEM

Sites

http://www.profcardy.com/exercicios/simulado-enem.php
http://vestibular.brasilescola.com/enem/simulado/
http://noticias.terra.com.br/educacao/interna/0,,OI3887799-EI14112,00.html
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/simulados/
http://linkseguro.blogspot.com.br/2012/03/simulado-enem-2013-online-gratis-pdf.html

Por que o Brasil está no 88º lugar no ranking mundial da Educação?


A gestão ineficiente, o desprestígio do magistério e a má formação dos professores são alguns dos empecilhos ao salto educacional brasileiro
Fonte: Zero Hora (RS)

Os problemas da educação brasileira extrapolam os limites da sala de aula. O desempenho pífio revelado em avaliações internacionais se deve a uma combinação de falhas de educadores, governantes e famílias, na opinião de especialistas. Essas deficiências incluem erros de gestão, falta de recursos e pouca cobrança social por resultados que façam jus ao atual peso econômico e político do Brasil.
O desafio de alcançar um ensino de qualidade foi eleito o tema da nova campanha institucional do Grupo RBS, deflagrada na terça-feira sob o slogan A Educação Precisa de Respostas. Para investigar quais são os principais nós que comprometem a aprendizagem no país e descobrir como desatá-los, uma série de reportagens em rádios, tevês e jornais vai responder a questionamentos concretos sobre o atual cenário da educação nacional.
A primeira dessas perguntas é como pode um país que alcançou a sexta posição entre as maiores economias do planeta ostentar um constrangedor 88º lugar em um ranking mundial publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no ano passado. As respostas, oferecidas por especialistas nacionais na área, resumem os principais entraves ao avanço educacional brasileiro.
Superados estes obstáculos, o país poderia experimentar nos próximos anos um acréscimo de qualidade significativo nas escolas e vencer um atraso histórico.
— Temos de levar em conta que começamos a nos preocupar com educação com quatro, cinco séculos de atraso em relação a outros países. É impossível recuperar isso do dia para a noite, mas temos de investir melhor para não perdermos mais tempo — observa o economista Claudio de Moura Castro.
Confira, a seguir, alguns dos principais empecilhos ao salto educacional brasileiro.
Gestão ineficiente
Especialistas em educação sustentam que não basta apenas despejar mais dinheiro no sistema educacional brasileiro. Outra disciplina em que o país encontra dificuldades é como aplicar bem os recursos disponíveis — que este ano devem somar R$ 114 bilhões.
— Há mau gerenciamento, e não é porque as pessoas são incompetentes. As estruturas são viciadas por clientelismo e corporativismo. Há nomeações políticas de diretores, em muitos lugares há dois professores para cada classe, tem muita gente que não trabalha. É uma cultura gerencial difícil de desmontar — avalia o presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Oliveira.
Desprestígio do Magistério
Falhas na gestão do ensino explicam, em parte, a dificuldade para desatar outro nó da educação brasileira: a baixa remuneração dos professores — tanto na rede pública quanto na particular. Os baixos salários têm duplo impacto: além de oferecerem pouco estímulo aos profissionais em ação, afugentam da carreira muitos dos melhores alunos.
– A baixa aprendizagem decorre da ausência de professores com qualidade. Tornar o magistério um objeto de desejo dos jovens é fundamental. Nos países com boa educação, ser professor tem bom retorno financeiro e reconhecimento social — avalia Mozart Neves Ramos, conselheiro do movimento Todos pela Educação.
No Painel RBS realizado na terça, o especialista observou que, enquanto um professor ganha, em média, R$ 1,8 mil, outro profissional com titulação equivalente recebe R$ 2,8 mil. Países que estão no topo da educação mundial, como Coreia do Sul e Finlândia, pagam bem seus professores, o que lhes permite atrair mais interessados e selecionar os melhores.
Má formação dos professores
Para especialistas, o modelo de treinamento dos mestres brasileiros é uma das razões principais para o desempenho pífio dos estudantes nas avaliações nacionais e internacionais. A principal crítica é de que os cursos não preparam adequadamente.
— Em primeiro lugar, para se formar um bom professor, você tem de aprender o conteúdo a ser ensinado. Em segundo, você tem de aprender a dar aula. O terceiro é tudo mais, ou seja, cultura, ideologia, identidade do professor, antropologia e sociologia da educação, legislação, tudo o que é periférico. No Brasil, as faculdades só ensinam o “tudo mais”, o periférico. Faltam os temas centrais — diz o economista e especialista em educação Claudio de Moura Castro.
Baixo investimento na Educação Básica
Um dos problemas que o país precisa resolver para elevar a qualidade do seu ensino é de matemática. O Brasil aplica, em média, um valor muito baixo para cada estudante da educação básica. O gasto público, em 2010, era de apenas R$ 3,5 mil ao longo de um ano. Isso representa todo o investimento estatal feito diretamente em educação dividido pelo número de alunos.
— Ainda investimos menos do que países como Argentina, México ou Chile — compara Mozart Neves Ramos, conselheiro do movimento Todos Pela Educação.
Uma comparação internacional feita com base nas cifras aplicadas em 2008 convertidas para dólar demonstra que, em uma lista de 34 países, o Brasil só aplicou mais dinheiro por aluno de qualquer nível de ensino do que a China. Outro problema é o desequilíbrio entre os níveis educacionais. Enquanto há R$ 17,9 mil disponíveis ao ano para cada universitário, o estudante do Fundamental ao Médio conta com cinco vezes menos.
Pouca inovação na sala de aula
As dificuldades de formação e remuneração dos profissionais da educação, somadas às restrições de orçamento, resultam em outro problema: a dificuldade para apresentar um sistema de ensino renovado, inovador e capaz de despertar o interesse dos estudantes.
— Temos hoje uma situação em que a escola é do século 19, o professor é do século 20, mas o aluno é do século 21. Precisamos colocar todos no mesmo século. Para isso, é preciso ter um currículo atraente, com inovação e criação de mecanismos que estimulem a pesquisa. O aluno do século 21 não quer coisa pronta, enlatada – analisa Mozart Neves Ramos.
Baixa participação da comunidade
Os problemas da educação brasileira não estão apenas dentro do colégio. Um dos elementos apontados para o mau desempenho internacional é o pouco envolvimento de quem está do lado de fora dos muros escolares no universo da educação. A pouca intimidade foi demonstrada pela pesquisa Educar Para Crescer, realizada pelo Ibope: 72% das famílias brasileiras se dizem “satisfeitas”com a educação nacional, e dão uma média 7 (em uma escala de zero a 10) para as escolas públicas e privadas.

A idade certa

Fatores como sociabilização e maturidade neurológica podem explicar por que alunos adiantados apresentaram desempenho pior em avaliação

Fonte: Revista Educação


Dados da Prova ABC mostram que alunos em idade escolar correta têm melhor desempenho do que os demais. O mais impressionante, porém, é que assim como os defasados, os alunos adiantados na relação idade/série demonstraram piores resultados em todas as disciplinas avaliadas.
Instituída por uma parceria entre Todos Pela Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Fundação Cesgranrio e Instituto Paulo Montenegro/Ibope, a prova foi aplicada no primeiro semestre de 2011, com o objetivo de avaliar o aprendizado dos concluintes do 3o ano do ensino fundamental em leitura, escrita e matemática.
Dos 5.875 alunos participantes, 79,5% tinham entre 8 e 9 anos, 20,1% estavam defasados e 0,5% da amostra compôs o quadro de estudantes adiantados, ou seja, com menos de 8 anos. Em escrita, por exemplo, 57,9% dos alunos entre 8 e 9 anos obtiveram desempenho adequado, enquanto apenas 40,7% dos adiantados e 35,2% dos defasados apresentaram resultados satisfatórios.
A diferença exposta pela Prova ABC serve de alerta, segundo Priscila Cruz, diretora executiva do Todos pela Educação. "Existe uma pressão da parte de alguns pais que insistem em adiantar a entrada de seus filhos no ensino fundamental, mesmo que a lei determine uma idade correta. Nessa etapa, qualquer tipo de antecipação pode ser ruim", afirma.
Para Priscila, o baixo desempenho pode ser explicado por duas razões principais: a falta de maturidade neurológica, que determina o desenvolvimento da coordenação motora, fundamental para a escrita, entre outras tarefas, e a sociabilização da criança. O descompasso etário nas relações sociais dentro da escola também ajuda a explicar por que os alunos atrasados têm pior desempenho.
A Prova ABC foi aplicada em todas as capitais do país a alunos das redes pública e privada. Cada estudante respondeu a 20 itens de leitura ou matemática e escreveu uma redação a partir de um tema único. A escala do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) foi utilizada para medir o aprendizado.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Da Mediocridade a Nota 10


Da Mediocridade a Nota 10
No artigo anterior debati sobre a nota vermelha e neste ínterim eis que surge os estonteantes índices do Ideb. O Ensino Médio atingiu a nota de 3,7 e o Ensino Fundamental 4,7. Pasmem, e este último está comemorando, pois este índice era para ser atingido apenas em 2013 e já foi atingido AGORA !!!?
Será que uma empresa que preste vai desejar no seu quadro de funcionários um indivíduo com essas notas? Muito provavelmente não! É sabido que em várias instituições, públicas e privadas já estão sendo exigidos Boletim Escolar para verificação das notas e então aqueles sujeitos com a história acadêmica que apresentam as notas mais altas durante a sua vida escolar são admitidos para integrar programas de primeiro emprego, ingresso no ensino técnico, etc.
Em resumo: buscam-se os MELHORES, os mais CAPAZES, os mais DEDICADOS, os mais COMPROMETIDOS. Mas o que a Escola e as notas tem a ver com isso? Tem tudo a ver !!
- Nivelando pela mediocridade:
A média estipulada no Ideb é 10, porém delimitou-se “ metas” , eu diria bem medíocres para serem atingidas, e assim de décimo em décimo a fila vai andando a passos de tartaruga com todos comemorando cada décimo atingido como sendo uma grande vitória.
O nivelamento é feito pela mediocridade e não pela excelência. E não pense que Escola Particular também não entra nessa. Muitas tem como média estipulada no Regimento Escolar a nota 5 para que não haja reprovações em massa no final do ano.
Quando alterei o Regimento para média 7 os pais acharam injusto da minha parte alegando que para o aluno atingir 7 seria muito difícil, então que a escola deixasse a nota 5 que ficaria mais fácil passar de ano. Retruquei dizendo que espera-se que o aluno de fato não atinja 7 e sim que alcance a nota 10, pois na vida ninguém quer uma pessoa que ficou na média de todo mundo. A vida precisa de gente que faça as coisas com excelência e não igual a todo mundo.
Mas o que é ficar na média, atingir a média, o que é a média? Segundo o Dicionário Michaelis:
média sf (fem de médio). 1 Valor médio. 2 Coisa ou quantidade que representa o meio entre muitas coisas. 3 Quantidade mínima de pontos ou valores que se deve alcançar em exame ou concurso para conseguir aprovação ou admissão.
mediano adj (lat medianu) 1 Colocado no meio, que está entre dois extremos; meão. 2 Nem muito excelente nem muito inferior; medíocre. 3 Regular. 4 Sofrível.
medíocre adj (lat mediocre) 1 Médio ou mediano. 2 Ordinário, sofrível, vulgar. sm 3 Aquele que tem pouco talento, pouco espírito, pouco merecimento. 4 Aquilo que tem pouco valor.
Observe os termos grifados (o grifo é meu e não do dicionário), pois quero chamar a sua atenção para a seguinte questão: Atingir a média é pouco, é ordinário, é ridículo. É o mesmo que dizer que de algo ensinado o sujeito aprendeu apenas a metade, ou uma parte. Ninguém quer um profissional que sabe só uma parte do que deve fazer, só um pedaço,pois ninguém contrata uma pessoa para fazer metade de uma coisa. Além do mais as excelentes oportunidades são para os Excelentes não para os medíocres.
Atingir a média em alguma coisa, diz muito acerca do espírito de uma pessoa. Da mesma forma que a nota máxima, ou a nota 10. Atingir mais exige MAIS, requer MAIS, é ter de extrapolar a mediocridade e atingir a excelência em algo. A maestria em algo só vem com dedicação, esforço e resiliência. Ser medíocre só precisa contentar-se em atingir a média e para tanto, basta fazer o mínimo, o pouco, o quase nada.
Aqui abro um parêntesis para compartilhar um pouco da minha experiência e vivência com crianças com deficiência intelectual e física. São crianças e jovens que se superam todos os dias, e fazem coisas que muitas vezes pessoas que não tem nenhum impedimento não fazem apenas porque tem preguiça. Ter o espírito de águia é bem diferente de ter o espírito de galinha.
Todas as crianças e jovens com algum tipo de deficiência têm espírito de águia enquanto grande parte dos jovens que frequentam o Fundamental e Ensino Médio de Escolas Públicas e Particulares, e as que prestaram o Ideb tem o espírito de galinha. O incrível de tudo é que quando esses jovens crescem querem ter as mesmas chances e privilégios daqueles que tem o espírito de águia.

- Como a nota 10 é construída      http://www.sosprofessor.com.br/blog/imagens/2012/08/Alian%C3%A7a-nota-10.png
Mas como sair da mediocridade e buscar a excelência?  Como desenvolver espírito de águia nos nossos alunos ? Creio que o mais acertado é mostrar onde as águias vivem,o que elas conquistam e o que fizeram para chegar lá. Precisamos mostrar aos Alunos e Pais onde é esse “lá”. E agora vou descrever a bússola e o mapa para o “lá”.
A excelência é construída de muitas formas, e há vários caminhos para alcançá-la, todos envolvem perseverança, trabalho, comprometimento.
Na imagem ao lado você verá a Bússola que norteará esse caminho e envolve três personagems: O Professor, a Família, o Aluno. Cada qual tem a sua parcela de responsabilidade durante o processo. Esta bússola eu dei o nome de Aliança Nota10. Está no formado de um círculo e só poderá ser uma aliança se as 3 partes estiverem unidas, caso contrário, se alguém não se comprometer com a sua parte não haverá resultado satisfatório.
Como você pode observar, ao Aluno a parcela é maior de todas, afinal, aquele esforço extra, aquele passo a mais, dependerá sempre do indivíduo em questão.
Agora vamos ao mapa, que descreve, resumidamente, o que cada personagem deve fazer para garantir que a nota 10, ou a excelência seja atingida.
Como utilizar a Aliança Nota 10 nas Reuniões:
Fica muito mais fácil contestar quaisquer objeções quando temos os argumentos apropriados para refutar as colocações infundadas ou mal educados. Para tanto é primordial que você coloque o quadro acima bem visível na sala de aula e trabalhe estas questões com os alunos, bem como com os Pais logo na primeira Reunião.
Deve pedir a assinatura com a concordância de todos os envolvidos, afinal este material torna-se um documento, um pacto entre as partes comprometendo-se a cumpri-lo.
Nas Reuniões Bimestrais quando você for questionada a respeito do por que da nota vermelha no boletim, aponte o quadro e faça os Pais descreverem para você como ele cumpriu cada um dos itens referente a parte dele.
Depois descreva aos Pais como você cumpriu cada um dos itens referentes a sua parte tais como:
- Mostre quantas lições de casa você enviou
- Mostre quantas aulas você deu
- Mostre quantas explicações foram dadas
- Mostre quantos exercícios foram feitos na sala de aula
- Mostre quantas Leituras/Resumos foram solicitados
- Mostre quantos trabalhos foram pedidos
- Mostre quantos plantões de dúvidas você ofereceu
- Mostre quantos recados você enviou
Para mostrar a parte do aluno, previamente faça uma autoavaliação com os alunos na semana da Reunião de Pais, e então mostre aos Pais o que o aluno respondeu a respeito de si mesmo e inclua as seguintes observações:
- Informe quantas vezes você chamou a atenção dele para os estudos
- Informe quantas vezes ele participou das aulas
- Informe quantas vezes ele atrapalhou a aula
- Informe quantas vezes ele esqueceu de trazer os materiais para as aulas
- Informe quantas vezes ele não trouxe as tarefas prontas
- Informe quantas vezes ele entregou trabalhos fora do prazo
- Informe quantas vezes ele não entregou os trabalhos

É preciso sempre deixar claro que há três personagens envolvidos e que antes de ser emitido juízo de valor é necessário apurar quem não cumpriu o combinado.
No mapa, por motivos de espaço enumerei apenas os itens principais, os quais você pode acrescentar e expandir conforme os problemas enfrentados na sua sala de aula.

Conclusão:
A Aliança Nota 10 é apenas uma ferramenta que pode auxiliar os alunos e os Pais a compreenderem e comprometerem-se com a excelência do aprendizado e não com a mediocridade. É fato também que todo o contexto educacional sofrerá mudanças significativas quando as Escolas implementarem sistemas de gestão escolar que funcionem, adequarem os currículos para esta nova realidade global, remunerar e capacitar melhor os professores.
Enquanto estas mudanças não chegam vamos criando, por nós mesmos, novas estratégias educativas que assegurem a eficácia do trabalho em sala de aula. E na sua sala de aula tem mais gente com espírito de  “águia” ou de  “galinha”?

Avaliação Externa

O desafio de universalizar a escola no Brasil já foi praticamente vencido. Hoje, a questão passa mais pela qualidade do que é ensinado em sala de aula do que propriamente pelo acesso. Para medir o nível da educação básica no país, criou-se uma série de avaliações externas, como o Saeb, a Prova Brasil, Provinha Brasil (federais), PROALFA e PROEB (estadual-MG). A partir dos resultados desses exames, é possível se pensar em novas políticas públicas educacionais
A avaliação é um indicador que reflete aquilo que foi feito no processo pedagógico. O processo pedagógico é que garante a formação ampla das crianças e dos jovens.

Para abordar as avaliações externas, a  MAGISTRA promoveu uma Roda de Conversa (que é um espaço de discussões e reflexões sobre o contexto educacional brasileiro, ações e projetos de Minas Gerais).

Pensando na importância do tema e na formação continuada dos profissioais da escola e dos membros do Colegiado Escolar, sugiro a equipe gestora um encontro ou uma reunião, pode ser a do Módulo II para realizar um estudo dialogado a partir da roda de conversa.

  1. Sugiro que comece com o vídeo chamado O olhar do Educador http://youtu.be/J_U6SDoC-ao Duração de 6 minutos.
  2. Distribuir para pequenos grupos tarjetas com perguntas, de forma que todos os grupos tenham as mesmas perguntas. Elas servirão de diagnóstico para a equipe gestora perceber o grau de conhecimento dos colaboradores sobre avaliações externas.
Exemplos de perguntas:
Quais são as avaliações educacionais externas? Quando foram implantadas? Qual a periodicidade? Qual o objetivo? Como avaliam a efetividade dessas avaliações? Qual a difrença entre matriz de ensino e matriz de avaliação? Como avaliar e interpretar os resultados? O que a escola fez para ter esses resultados? O que podemos fazer a partir dos resultados? A divulgação dos resultados surte efeito na prática pedagógica?
3. Ver os vídeos (pode dividir em duas reuniões. Na primeira o vídeo 1 e na segunda os vídeos 2 e 3)
http://youtu.be/F8SCiUxojdc parte 1, Duração: 22 minutos e 19 segundos
http://youtu.be/xzEr9BLUxXc parte 2 Duração:8 minutos e 28 segundos
http://youtu.be/a1ATQHUax08 parte 3 Duração: 17 minutos e 36 segundos

Programas exibidos em 27 de agosto de 2012 pelo Canal Minas Saúde.
4. Discutir as perguntas e o vídeo.
5. Solicitar sugestões para a prática pedagógica.
6. Reflexão: História do Lápis.

Observações: Não esqueça do ambiente pedagógico. Faça cartazes com os resultados das avaliações do Brasil, de Minas Gerais, do seu município e da escola, de forma bastante apresentável. Não esqueça os resultados do IDEB http://www.portalideb.com.br/  Veja versão anterior  do "site", no lado direito, parte superior, escrito em azul. Leve também os boletins pedagógicos / revistas pedagógicas do PROALFA/PROEB, livros da Prova Brasil.

Lembrem-se que é só uma SUGESTÃO.

Atenciosamente,
Silvana Caixêta
Analista Educacional DIRE/SRE Unaí
(38) 3677-9516

Entrevista: Ronaldo Mota

Inovar deve ser um objetivo central da educação contemporânea

Decorar fórmulas e datas faz parte do passado da educação. Mais do que memorizar, hoje é fundamental estimular o pensamento inovador. Ronaldo Mota, que já teve passagem pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), hoje ocupa a cátedra Anísio Teixeira, no Instituto de Educação da Universidade de Londres.

Seu trabalho na Inglaterra passa justamente por pensar saltos qualitativos na educação, experiência que traz na bagagem desde que foi secretário nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do MCTI. De Londres, o professor aposentado da Universidade Federal de Santa Maria falou sobre qualidades, oportunidades e desafios do ensino. Mota é físico, e foi secretário nacional de Educação à Distância do Ministério da Educação (MEC).

Que medidas devem ser tomadas na educação básica para que aumente a porcentagem de universitários do Brasil?

Ronaldo Mota - Inovação é a palavra-chave para um desenvolvimento social e econômico sustentável. Não há país que possa competir em inovação sem ter uma educação de qualidade e acessível. Assim temos, além do problema da qualidade, o fato de somente 3% da população estarem cursando ensino superior. Talvez sejam esses os dois grandes sérios indicadores negativos de nossas limitações, mas são ambos superáveis. A boa notícia é que estamos crescendo esse percentual, mas precisamos crescer muito mais rápido e ganhando qualidade.

As escolas daqui já sabem o que é inovar?

Mota - A maioria das escolas infelizmente não sabe o que é inovação. Pensam que é modernizar comprando equipamentos. Inovação hoje é o motor que gera conhecimento, que ajuda a moldar os programas de pesquisa e o desenvolvimento tecnológico. Entre elas, aptidão desenvolvida para aprendizagem independente, espírito empreendedor e capacidade de iniciativa, aprender a trabalhar em equipe e com visão solidária, não ter medo de novas tecnologias e gosto por enfrentar desafios e imprevistos, saber falar e ouvir sem preconceitos e com espírito de tolerância desenvolvida e, por fim, mas não menos importante, extrema paixão pela cultura, especialmente pelas artes, e pelos esportes. Enfim, atributos essenciais que normalmente são subestimados, quando não reprimidos, pelas escolas.

O intercâmbio entre instituições, comum nas universidades, é uma iniciativa que poderia ser aplicada aos professores e educadores dos ensinos Fundamental e Médio?

Mota - Há coisas que se aprende quando no ensino superior, outras não serão nunca despertadas se não forem devidamente estimuladas na educação básica. Preparar pessoas com vocação para inovação vem da formação básica, seja na escola diretamente, no ambiente familiar ou mesmo nas ruas.

Os altos investimentos em educação superior e em pós-graduação tem os resultados esperados nas instâncias anteriores de ensino? Existem muros a serem derrubados entre universidades, escolas e sociedade?

Mota - O Brasil em termos de qualidade é uma pirâmide de cabeça para baixo, sendo a melhor qualidade na pós-graduação e a pior nos níveis na educação básica. Este modelo não tem futuro e carece de sustentabilidade, inclusive para a pós-graduação. Temporariamente pode até iludir, mas não há consistência.

Muito se fala sobre o que o Brasil tem a aprender com outras nações. Nós já temos algo a ensinar? O que? A quem?

Mota - No mundo globalizado, todos aprendem e todos ensinam. Da mesma forma, temos a opção de não aprender nunca. Na produção de alimentos e no combate à pobreza extrema, estamos ensinando o mundo como fazer. Na produção industrial clássica, bem como na educação em geral, com as honrosas exceções de praxe, nos recusamos a aprender.

Quais as principais diferenças que o senhor notou entre o ensino no Brasil e na Inglaterra? Em quais desses pontos o Brasil está melhor e em quais está pior?

Mota - A Inglaterra tem um passado que conta a seu favor e o Brasil tem um futuro que ajuda muito. Nesse sentido, eles são os opostos. O presente deles é turbinado pelo que o passado representa. Nós temos um presente que o melhor argumento é o que podemos ser no futuro. Essa diferença conta a nosso favor se soubermos nos comportar em educação e inovação.

A produção e a inovação de tecnologias móveis, de certa maneira já presente no Brasil, pode refletir positivamente nas práticas de ensino? De que maneira?

Mota - Entendendo que os mais jovens já adotaram uma nova linguagem, incorporando plenamente as tecnologias digitais, enquanto o ambiente escolar, incluindo os professores e dirigentes educacionais, ainda não cruzaram o século passado. Temos que enxergar os professores como designers de programas e objetos de aprendizagem, capazes de fazer pleno uso das novas tecnologias para ensinar melhor e aprender sempre, sem receio de errar e dispostos a enfrentar desafios. Hoje nossos professores não têm esse estímulo e nem a formação adequada. Quando muito eles têm as máquinas e alguns instrumentos, os quais sozinhos, sem a adequada formação dos professores, são nada.

O Ensino a Distância (EAD) pode ser uma ferramenta de ensino auxiliar para a educação nos níveis fundamentais e médio?

Mota - Claro que sim. Não me agrada a separação abrupta usual que o país adotou entre modalidades presencial e a distância. O mundo contemporâneo caminha em direção a uma educação flexível, incorporando as boas contribuições dos ensinos presencial e a distância e estimulando nossos estudantes a estudarem antes das aulas, tornando-as muito mais dinâmicas, prazerosas e eficientes. Simples: disponibilizar os conteúdos antes, criar ambientes virtuais interativos nos cursos e estudar antes das aulas. Sabemos o quão difícil é mudar uma cultura, mas sem mudanças não há inovação.

Entrevista: Fernando Reimers

(Eleonora Villegas Reimers/Divulgação)

Os desafios da educação no século 21

Construir uma educação de qualidade é um desafio em que o Brasil ainda tem muito a evoluir. Para tratar sobre os desafios do país neste tema, entrevistamos Fernando Reimers, um dos maiores especialistas do mundo no assunto.

Professor de Educação Internacional da Fundação Ford e diretor do Programa de Políticas Educacionais Internacionais da Universidade de Harvard, Reimers está atualmente no Brasil em um convênio com a Universidade Federal de Juiz de Fora. Confira abaixo o que ele tem a dizer sobre tecnologia, inovação e liderança em educação.

Que desafios o Brasil precisa encarar para ter um ensino de alto padrão?

Fernando Reimers - A sociedade brasileira reconhece que construir um sistema educacional de ponta é central para sustentar o desenvolvimento necessário para diminuir a pobreza, promover inclusão social e fomentar a prosperidade. Há uma clara prioridade pela educação no país, tanto por parte do governo quanto pela sociedade civil. Um importante desafio em quaisquer nações com altas perspectivas educacionais é a capacidade de executar e implementar mudanças. É notável que, dentre todo o entusiasmo pela educação brasileira, existe uma distinção entre as organizações e instituições comprometidas com sua implementação e execução e aquelas satisfeitas em só fazer parte da discussão.


O Rio Grande do Sul tem os níveis mais altos de repetência no Ensino Médio. O senhor pensa que reprovar estudantes é uma via para que eles aprendam mais e melhor?

Reimers - Altos índices de reprovação são reflexo de uma personalização inadequada da educação, que não consegue atender a necessidade desses estudantes. Nós vivemos em uma época extraordinária em que o desenvolvimento da ciência do aprendizado, o conhecimento sobre ensino e liderança escolar, e diversas inovações pedagógicas e educacionais permitiram, através do desenvolvimento de novas tecnologias, personalizar a educação muito mais do que era possível no passado. Qualquer sistema de ensino com altas taxas de repetência deveria desenvolver oportunidades de aperfeiçoamento do currículo, de materiais didáticos e pedagógicos. Isso passa pela qualificação de professores e líderes escolares.


Quais competências e habilidades o professor do século XXI deve ter para ministrar aulas melhores e mais interessantes?

Reimers - No século XXI, as escolas devem ter como produto não somente o conhecimento de fatos, mas a capacidade de usar esses dados para resolver problemas, transferindo conhecimento de uma disciplina para uma gama de contextos. Também é importante desenvolver o pensamento inovativo, criativo e crítico, o aprendizado contínuo, a comunicação efetiva, além de ser consciente e persistente, tentando fazer o melhor trabalho possível. Também é necessário ser capaz de disciplinar, de lidar com as emoções alheias, de ter competências sócio-emocionais. Para auxiliar os estudantes a desenvolver essas competências, os professores precisam pensar seu papel de maneira diferenciada.

O governo precisa de muito dinheiro para ter uma boa educação ou existem soluções criativas que podem superar problemas econômicos? Qual o papel da tecnologia nesse aspecto?

Reimers - Com certeza não é possível tirar leite de pedra, e recursos são necessários para uma educação de alta qualidade. Precisa-se dinheiro para criar estruturas de educação adequadas, para remunerar professores e diretores de maneira justa, para qualificar os profissionais da educação, para apoiar inovações. Isto dito, os sistemas de educação com melhor desempenho no mundo todo não são aqueles que gastam mais por estudante, mas sim aqueles que gerenciam o dinheiro inteligentemente, implementando abordagens efetivas e inovativas de educação. É por isso que é tão importante desenvolver lideranças educacionais.

Quais as mais importantes lições que o senhor aprendeu sobre educação em sua carreira?

Reimers - 1) A Educação deve cultivar a ação, a voz e a eficácia das pessoas. Nós precisamos auxiliar os educadores a desenvolver suas habilidades de resolução de problemas. Nós precisamos substituir o viés contemplativo, muito presente na educação, pela ênfase no cultivo de uma educação orientada para ação, pela disposição de criar e de transformar o mundo e nossas circunstâncias. Pedagogias capazes de cultivar o aprendizado incluem ensino baseado em projetos, aprendizado expedicionário, engenharia da educação, educação empreendedora, estúdios de design e workshops.

2) A educação deveria cultivar excelência acadêmica, desenvolvimento de caráter e competência sócio-emocional simultaneamente. Estudantes deveriam desenvolver bases éticas que fundamentem suas habilidades e disposição de raciocinar moralmente e agir responsavelmente, e a capacidade de de trabalhar em grupo.

3) As habilidades e motivações de aprender de maneira contínua, independente e em grupo, e também de reaprender, tornaram-se mais importantes. O aprendizado da educação online deve ser acessível a todos os estudantes, pois assim eles estão preparados para usar esse aprendizado para toda a vida. Estudantes deveriam ter vivência de diferentes modos de ensino e aprendizagem no ambiente escolar, aprendendo com os professores, mas também com seus colegas, e também ensinando a eles.

4) A globalização cria novas demandas de cognição e de habilidade, e portanto novas oportunidades de educação, tanto para escolas quanto para professores. Para participar, como cidadãos ou produtores, todos precisam ser capazes de entender a globalização, ter curiosidade sobre os negócios globais, sabendo como aprofundar o conhecimento, quando necessário, e ter capacidade de comunicação, trabalho produtivo e respeitoso entre pessoas de diferentes países e realidades culturais.

5) No ato de equilíbrio que a educação representa entre tradição e inovação, nós precisamos estimular a pauta de inovação ajudando os estudantes a se antecipar e preparar para o futuro, assim como para inventá-lo. Isso significa que o cultivo de competências inovadoras deve ser um resultado desejado pela educação, e para alcançar esse objetivo, nós precisamos de abordagens e culturas inovadoras e de lideranças em instituições de ensino.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolares.

A versão Online tem origem no Progestão - Programa de Capacitação a Distância para Gestores Escolares, de formação continuada para gestores escolares que atuam em escolas públicas. A proposta, inovadora, é reconhecida em todo país por sua excelência. O trabalho é desenvolvido em parceria com secretarias de Educação, e com o apoio da Fundação FORD, da Universidad Nacional de Educación a Distancia - UNED e da Fundação Roberto Marinho.

Tanto o Progestão quanto o Progestão Online foram concebidos com base em cinco pressupostos que balizaram o conteúdo e a metodologia:

  • paradigma da gestão focada no sucesso da aprendizagem dos alunos e na melhoria do seu desempenho;
  • gestão democrática da escola pública, privilegiando os processos de participação dos vários segmentos da comunidade no Projeto Pedagógico da escola;
  • programa comum, para assegurar um padrão de qualidade na formação dos gestores, e flexível, para se adequar às necessidades e diversidades das escolas do país;
  • formação continuada, em serviço, articulada à prática cotidiana dos gestores, tendo por base resultados de pesquisa prévia realizada junto a escolas públicas;
  • formação voltada para o desenvolvimento de competências profissionais e concebida como elemento impulsionador do aprender a aprender, da auto-capacitação, do aprender a fazer coletivo e da formação de redes entre gestores e escolas.
Acesse o link abaixo e confira cada um dos 10 módulos. Recomendo o Módulo IV para os encontros de formação continuada dos profissionais da escola.

Bom estudo!
Silvana Caixêta

Bem utilizados, games estimulam ensino.

Escolas usam jogos como ferramentas pedagógicas para despertar o interesse de alunos que nasceram na era da internet

Fonte: O Globo (RJ)
Os Alunos do 9º ano do Ensino fundamental do Colégio Bandeirantes , em São Paulo, passaram boa parte do último bimestre jogando na Escola "SimCity", game que simula a administração e crescimento de uma cidade. Eles não estavam matando aula para se divertir. A atividade foi sugerida pela coordenação pedagógica da Escola, depois de aulas em que haviam debatido problemas de lixo, energia e transporte da capital paulista.
Iniciativas como essa ainda são raras nas Escolas brasileiros, mas desafiam a lógica de que videogame e sala de aula não combinam. Quando bem inseridos num contexto pedagógico, jogos, tanto os comerciais quanto os criados com fins educativos, são preciosos aliados dos Professores nas mais variadas disciplinas. 
- Escolhemos esse jogo (SimCity) porque achamos que seria uma maneira de o Aluno aplicar o que foi aprendendo ao longo do ano nas aulas e simular uma cidade. Percebemos que é motivador. Eles gostam, e mesmo os mais resistentes ficam animados. Os resultados não necessariamente se refletem em notas, mas percebemos que eles conseguem trabalhar lógica e raciocínio, entre outras habilidades - diz a coordenadora de Tecnologia Educacional do Colégio Bandeirantes, Cristiana Mattos Assumpção. 
A aluna do Bandeirantes Beatriz Rossi, de 14 anos, não costuma jogar videogame, mas gostou da experiência na Escola. 
- Conseguimos colocar em prática, no jogo, o que aprendemos nas aulas. Às vezes, se um assunto fica muito na teoria, não entendemos a importância dele. Quando usamos o game, vimos melhor por que as coisas na cidade aconteciam - diz. 
Bastante popular, o jogo "Angry Birds", em que pássaros são lançados como dardos, já está sendo usado por Professores de Física para ensinar sobre trajetória, angulação, lançamento e resistência de materiais. Francisco de Assis Nascimento Júnior dá aulas no Colégio Brasil-Canadá e acredita que o "Angry Birds" ajuda os estudantes a visualizarem melhor os conceitos da disciplina. Após explicar a matéria para os Alunos, ele fala sobre a física do game para os Alunos, que depois têm que responder a um questionário sobre o tema enquanto jogam e experimentam as diferentes trajetórias dos pássaros na tela. 
No ano passado, Nascimento Júnior usou o "Angry Birds" nas aulas que deu no colégio Guilherme Dumont Villares, mas não pôde fazê-lo em outra Escola privada, que adota um sistema de apostilas, e diz que a recepção dos Alunos das duas instituições foi diferente. 
- Quando eu falo a palavra "oblíquo", o Aluno já se assusta. Mas, se ele vê como esse conceito funciona brincando, percebe que é simples. A motivação dos estudantes muda muito, porque as coisas começam a fazer sentido para eles. Temos uma geração ávida por tecnologia e comunicação. E, no "Angry Birds", a linguagem é visual - afirma o Professor. 
Mitologia grega com "God of War"
Professor de Língua Portuguesa na Escola Sulamericana, em Salvador (BA), Marcos Paulo Pessoa percebeu que poderia usar jogos na sua disciplina quando Alunos, numa aula sobre narrativas mitológicas, ficaram mais interessados do que o normal e disseram que já conheciam algumas histórias porque jogavam "God of War", que é considerado um game de violência. 
- Usei na sala partes do jogo, cenas não jogáveis que narram a história, tratam da mitologia grega e não trazem violência. Trabalhei-as com os Alunos. Mostrei que as histórias mitológicas têm mais de uma versão, porque são contadas oralmente - explica Pessoa. 
O Professor também pediu aos Alunos que escrevessem textos sobre a lógica do jogo "Counter-Strike", que envolve estratégia e organização de equipes, de maneira a criar um outro jogo, mas de cartas. 
No Rio, a prefeitura publicou para as Escolas um portal de conteúdo educacional chamado Educopédia, em que, além de aulas em vídeo, há vários jogos pedagógicos para o Ensino fundamental, inclusive alguns que ajudam na Alfabetização. 
Francisco Velasquez é Professor de História da Escola Municipal Pereira Passos, no Rio Comprido, e usa os jogos da Educopédia com os Alunos. 
- Depois que já ensinei a matéria e preciso trabalhar o assunto de forma lúdica, uso os minigames para reforçar o conteúdo que foi dado. No 6º ano, por exemplo, abordamos a descoberta do fogo e a arqueologia. O jogo faz perguntas, e o Aluno tem que dar as respostas - afirma Francisco Velasquez. 
Para o subsecretário de Assuntos Estratégicos da Secretaria municipal de Educação do Rio, Rafael Parente, os games, assim como a internet, atraem a atenção dos jovens para a Educação. 
- Uma das maiores reclamações dos Professores é sobre o desinteresse dos jovens. Só que eles já nasceram na época da internet e gostam de jogos, de música e da grande rede. Tentamos aproximar o que eles gostam do ambiente educacional e explorar o conteúdo por meio de coisas que os atraem - afirma Parente. 
Professora e pesquisadora da área de jogos da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Lynn Alves trabalha no desenvolvimento de games educativos, que são testados em Escolas públicas do estado, mas diz que essa indústria ainda é pouco desenvolvida no Brasil. Segundo ela, o governo da Bahia encomendou jogos educativos a especialistas, e o governo federal os financiou em 2006. 
- Há Escolas que ainda resistem aos games. Quando alguém diz que está trabalhando com jogos em sala de aula, há quem ache que o que se quer é que a sala vire uma lan house . Não é isso. Queremos mais uma linguagem na Escola - afirma Lynn. 
Autor de um livro sobre jogos e Educação e Professor da Escola de Engenharia e Tecnologia da Universidade Anhembi Morumbi, João Mattar diz que os games educativos ficaram com a fama de chatos, pois, na cabeça de muitas crianças, Educação e diversão são coisas diferentes. Além disso, muitos jogos educativos têm qualidade gráfica inferior à dos comerciais. Outros fatores que afetam o uso de games nas Escolas são a falta de familiaridade de muitos Professores com os jogos e o fato de que muitas Escolas públicas sequer têm computadores ou internet. 
Mesmo assim, segundo Mattar, nos últimos dois anos, há uma aceitação maior do uso de videogames na Educação. 
- O "Horizon Report", relatório produzido por duas instituições americanas, aponta o game educacional como uma tecnologia que será mais adotada nos próximos dois anos - afirma.
"Jogos usam técnicas poderosas para ajudar na concentração"
Especialista americano diz que engajamento dos jovens nas disciplinas aumenta com o recurso 
O Professor de Tecnologias de Aprendizagem das Escolas de Educação e de Informação da Universidade de Michigan, Barry Fishman, afirma que os games fazem os Alunos ficarem mais engajados e ajudam a desenvolver a habilidade de solucionar problemas de forma criativa. 
O GLOBO: Os games podem melhorar o processo de aprendizagem? Como? 
BARRY FISHMAN: Os jogos podem ser eficazes em apoiar a aprendizagem porque um game bem feito usa técnicas motivacionais poderosas para fazer com que os estudantes se concentrem no assunto em questão. Em compensação, um game feito de maneira pobre pode ser ruim para a aprendizagem, porque pode reforçar ideias erradas ou entreter estudantes sem fazer com que eles tenham foco nos aspectos mais importantes do que se quer ensinar. 
Os estudantes de fato aprendem mais quando usam games na sala de aula, ou a aula apenas fica mais divertida? 
FISHMAN: Não gosto de usar a palavra "diversão" quando falo de games e Educação. Prefiro usar "engajamento". Os Alunos aprendem mais com os bons games porque eles ficam profundamente engajados com a atividade de aprendizagem, e isso é necessário; é o primeiro passo no processo de Ensino. Às vezes, chegar a um empenho profundo requer um grande esforço, é quase uma luta, e nós não descreveríamos a luta como divertida, assim como correr uma maratona ou escalar uma montanha. Mas nós podemos descrever essas atividades como profundamente satisfatórias e engajantes. 
O que é melhor: usar games educacionais ou comerciais? 
FISHMAN: Não há melhor nesse caso, depende dos objetivos que tentamos alcançar. Há excelentes games em várias áreas. Um dos meus favoritos, "The Lure of the Labyrinth", trabalha a matemática. Nele, os Alunos têm que resolver uma série de desafios de lógica e enigmas relacionados a tópicos de matemática, como o cálculo de proporções, por exemplo.
Alunos que usaram games para aprender na Escola têm resultados melhores que aqueles que não usaram? 
FISHMAN: Ainda não há bons estudos e pesquisas que façam essa comparação. Por outro lado, existem múltiplas maneiras de aprender um assunto, e, de maneira geral, se os Alunos ficam mais motivados, eles vão efetivamente aprender mais. 
Os games poderiam tornar os estudantes mais inteligentes, no fim das contas? 
FISHMAN: Qualquer atividade permanente em que alguém se concentre em tarefas desafiadoras pode aumentar a sua inteligência. Os jogos podem fazer isso, pois ajudam a desenvolver habilidades para a solução de problemas de forma criativa, além de estimularem a coordenação e a disposição para correr riscos. 
O senhor acha que os Professores, em todo o mundo, deveriam recorrer mais aos videogames para ajudar no processo educativo? 
FISHMAN: Meu interesse não é especificamente no uso de games nas salas de aula. É em tentar entender o que faz os games funcionarem como ambientes poderosos para motivação e engajamento, e como criar alguns desses elementos nas Escolas de maneira mais geral. O que precisamos fazer é tornar a Escola mais motivadora. Vamos ajudar a melhorar os resultados educacionais se encontrarmos maneiras de reengajar os estudantes. Se os games ajudam nesse processo, então eu digo: "Ótimo!" 
Nos Estados Unidos, o uso de games no processo educacional já se tornou uma prática comum? 
FISHMAN: Eu não diria que eles são comuns nas salas de aula, mas certamente está aumentando o interesse em usá-los como parte do aprendizado.
 

terça-feira, 29 de maio de 2012

"Liderança é a alavanca que impulsiona melhorias"

"Liderança é a alavanca que impulsiona melhorias"

Irma Zardoya, presidente de organização americana que treina professores para serem diretores, explica a importância dos bons líderes

Fonte: Veja.com
Uma pesquisa da Fundação Victor Civita de 2011 revelou que 42% dos diretores de escolas públicas brasileiras são escolhidos por influência política. É uma pena. Em Nova York, o trabalho da organização Leadership Academy (Academia de Liderança) aponta que os maiores avanços no desempenho escolar dos alunos são obtidos com diretores muito bem treinados para a função, profissionais que, além de bons gestores, conhecem o conteúdo programático de suas unidades de ensino. Criada em 2003, a instituição ajudou a formar um em cada seis diretores de escolas públicas da cidade americana, que estão concentrados principalmente em áreas de maior vulnerabilidade, como o Bronx. “Liderança é a alavanca que impulsiona a mudança em uma escola. O diretor define a melhoria e alinha tempo, dinheiro e recursos”, afirma Irma Zardoya, presidente da Academia. Irma, que participa de um ciclo de debates no Brasil, na próxima segunda-feira, promovido pela Fundação Itaú Social, concedeu a seguinte entrevista ao site de VEJA:
Qual o contexto que permitiu a criação da Academia de Liderança? Há nove anos, Michael Bloomberg, prefeito de Nova York, e Joel Klein, chefe do Departamento de Educação da cidade, perceberam que havia a necessidade de líderes escolares apaixonados, dedicados e inovadores. Além disso, muitos diretores estavam para se aposentar e não havia líderes disponíveis para essas escolas. Foi quando a comunidade empresarial e as principais organizações filantrópicas se uniram e contribuíram para o desenvolvimento da Academia de Liderança de Nova York, com um investimento de 84 milhões de dólares.
Como se mantêm? Somos uma organização sem fins lucrativos que presta serviço aos sistemas de ensino e recebe por isso. Também recebemos dinheiro de algumas fundações e do governo.
Como é a seleção dos possíveis diretores? O que procuram? Qualquer pessoa que queira fazer parte do nosso processo seletivo precisa ter, no mínimo, três anos de experiência com ensino. É o que estado exige. Há uma rigorosa ficha de seleção a ser preenchida. Os aprovados são convocados para uma dinâmica em grupo, na qual são colocados de frente a um problema e questionados - como grupo - sobre como lidar com ele. Precisamos ter certeza de que o candidato sabe escrever e se expressar bem, é um eficaz solucionador de problemas e tem habilidade para lidar com as pessoas. Depois, os melhores são convidados para uma entrevista individual, em que devem apresentar trabalhos acadêmicos, e são questionados sobre questões pedagógicas. Temos um guia que orienta os nossos processos seletivos e aponta o que precisamos considerar nos candidatos. Os principais pontos são: comportamento pessoal, responsabilidade, resiliência, liderança, capacidade de se comunicar, de resolver problemas e de supervisionar os funcionários; cultura, gestão de tempo e tecnologia.
Como é o treinamento dado pela academia? Oferecemos um programa de 18 meses, dividido em três fases. A primeira expõe os participantes a rigorosas simulações do que é ser um diretor; a segunda é uma fase de residência em que ele fica em uma escola por 10 meses e convive duas vezes por semana com um diretor para aprofundar seu conhecimento em campo. Por fim, a terceira etapa é customizada para atender às necessidades da escola e do profissional para efetuar a transição de poder.
Como uma boa liderança pode mudar a realidade de uma escola? A liderança é a alavanca que impulsiona a mudança em uma escola. O diretor define a melhoria e alinha tempo, dinheiro e recursos para que seu objetivo seja atingido. Um estudo do Instituto de Política Educacional e Social, da Universidade de Nova York, mostra que os formados pela academia estão atuando em escolas que têm mais desafios e ainda assim conseguiram que os alunos tivessem um aprendizado mais acelerado em língua inglesa e matemática. Os diretores têm a oportunidade de implementar sistemas de ensino com foco no aprendizado dos alunos, o que inclui: selecionar professores altamente qualificados, desenvolver programas curriculares de ensino e avaliação que se alinhem com as necessidades do estudante, e dar suporte para as relações de colaboração entre os funcionários e entre eles e os alunos.
Como os diretores devem colaborar com os professores? O diretor deve guiar o professor na tomada de decisões curriculares e de ensino. É fundamental que dê aos profissionais a possiblidade de trabalharem juntos para resolverem os problemas de aprendizagem dos alunos. Os professores devem avaliar juntos o que e como estão ensinando, visitar uns aos outros nas salas de aula e trocar informações. Um diretor eficaz é aquele que fornece ‘feedback’ aos professores e os orienta sobre o seu trabalho e a melhor forma de melhorá-lo. É muito importante para o líder gerir a escola bem e configurar os sistemas e estruturas que permitirão que ela seja um lugar seguro e bem organizado, propício à aprendizagem.
É possível criar um bom líder ou algumas pessoas simplesmente não têm as características necessárias? Nós, enquanto reconhecemos que algumas habilidades podem ser desenvolvidas, também procuramos características específicas nos candidatos. São elas: integridade profissional, compromisso de diminuir as lacunas de aprendizado e trabalhar com estudantes de áreas mais vulneráveis, conhecimento pedagógico, resiliência (capacidade para se recuperar de derrotas e seguir em frente) e postura aberta ao aprendizado. Já as habilidades que podem ser aprimoradas na academia são: supervisão pedagógica, comunicação, resolução de problemas, análise de dados e planejamento estratégico.
Você acredita que é possível implantar um sistema similar ao da cidade de Nova York em outros países, como o Brasil? Os sistemas de ensino devem primeiro reconhecer a importância da liderança, enxergá-la como uma forte alavanca para impulsionar e melhorar o aprendizado dos estudantes. Depois, devem identificar, treinar e dar suporte a estes líderes para que tenham condições de melhorar as escolas em que atuam. Cada sistema de ensino é único e deve identificar seus próprios padrões de liderança. Com isso, serão capazes de enfrentar o contexto e as necessidades locais.